Você não quer, tem quem queira

Rejeitada.

É como eu tô me sentindo hoje, desde umas 19h15 pra ser mais exata. Foi quando entrou na minha caixa de e-mail o orçamento do seguro do carro.

E #vou_tecontar que não é a primeira vez.

Tem acontecido todo mês de fevereiro. Desde 2011.

Lembro de cada episódio, de cada expectativa seguida de frustração. Porque rejeição a gente não esquece, né?

Pois é. A Porto Seguro não me quer.

Ela me rejeita. Todo ano eu tento, negocio, peço ajuda do corretor, mostro meus predicados e minha CNH limpinha. Mas ela sempre me manda um valor mais de R$ 1 mil acima da concorrência. Tipo um recado: “não feche conosco, não te queremos, aqui você é persona non grata”.

Gente, por quê?

Eu juro que queria entender o motivo de tanto desinteresse na minha pessoa. 

Alô, sou moça direita,  dona Porto Seguro!

Há pelo menos 5 anos  que não registro um sinistro. Eu não bato lata em ninguém. Nem tomo. Sou boa motorista, embora a amiga diga que eu dirijo feito homem. Sou prudente e dou seta – sim, eu dou seta, dona Porto Seguro! Eu não atravesso farol vermelho antes das 23h. Não estou na faixa etária de risco. Tenho garagem em casa e estacionamento no trabalho. Eu pago os impostos em dia. Eu quase não tomo multas, só vez ou outra tenho problema com o velocímetro, coisa besta. Meu carro não é visado e eu rodo pouco.

Eu diria que a minha vida sobre rodas é quase um tédio, não fossem as emoções típicas do trânsito paulistano. Então não aceito esse desdém de seguradora. Poxa, sou boa pagadora!

E ainda sou ex-cliente. Sim, eu já fui desejável. Você me tratava bem, na hone$tidade. Fomos felizes por um longo tempo. Fui fiel e devotada desde meu primeiro carro até 2010. Até que naquele ano roubaram meu carro novo. E o amor acabou. Você me rejeitou por um, dois anos e ad infinitum. No começo o corretor disse que era porque perdi bonificação. Mas que o tempo resolveria a questão. Nada. De lá pra cá eu tento uma reaproximação. Em vão. 

Passei por outras duas seguradoras, mas queria você, Porto Seguro. Apesar de que eu nem uso o seguro, mas, sei lá, queria você de volta, só isso. Eu nem dou trabalho, não fico pedindo atenção nem telefono no meio da noite.  A única vez que incomodei sua concorrente nos últimos dois anos foi quando a bateria morreu. Veio um moço de moto e trocou. Cobrou caro. Fim.

Assim você me magoa, Porto Seguro.

Como é que um episódio tão antigo, tão infeliz (porque eu também sofri e tomei prejuízo) pode ter marcado tanto nosso relacionamento?  A ponto de você nunca mais me querer por perto, resistir às minhas investidas e ignorar minha ficha limpa, minha conduta quase impecável.

Olha que eu sei de muita gente que você atende e dirige alcoolizado por aí, com pontuação estourada e manobra alucinada. Não vou citar nomes, mas depois não reclama da crise e da falta de sorte com a clientela.

Anota aí o meu nome, Porto Seguro. Porque você acaba de me perder.

Tentei por 5 anos. Agora eu que não te quero mais!

Sou de escorpião. Não tem perdão.

Amanhã vou abraçar seu maior concorrente. 

Vou ser feliz e quero que você se exploda. 

Digo isso pra não ter que pagar terapia.

Cabô a Rejeição.

Na ordem do dia: você não quer, tem quem queira. 

 

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