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Da série Vale Refeição – episódios anteriores

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Depois de um longo e valoroso home office, volto a almoçar na Vila Olímpia alguns dias da semana.

Logo na primeira sentada no quilo já passa um filminho na cabeça. Tipo um remember com as cenas mais emocionantes dos episódios anteriores, aquela coisa que rola antes de começar uma nova temporada, sabe como é? 

Então achei oportuno resgatar três dos ‘melhores momentos’ da Série Vale Refeição

É uma série independente que não tá na Netflix, só na minha cabeça mesmo. Mas eu #vou_tecontar tudo aqui! 

E antes que você credite os meus relatos à inveja PJ do VR alheio, antecipo: eu nem queria mesmo!

Mas acabei de lembrar por que foi que eu comecei a levar marmita pro trabalho.

Pega aí:

 

QUE MUNDO, AMIGOS!

Almoço na Vila Olímpia. Na mesa ao lado, executivos: um homem e três mulheres. De repente, o papo muda de rumo e o assunto vira o filho de alguém. 

O homem:

“Agora o moleque não sabe se quer cinema, artes cênicas, essas coisas aí. Maior besteira. Não tem que fazer faculdade dessas coisas. Se quer fazer coisa de arte, se não tem jeito, que faça cursos variados, fora do Brasil. E, olha, se depender de mim não vai fazer. Depois vira petista frustrado e vai pra rua fazer manifestação. Ou vira jornalista”.

Acelerei a garfada. Pra segurar a boca.

Que mundo, amigos. 

Que mundo.

 


MULHÉ MUDA É BENÇA

Almoço na Vila Olímpia. Fila no caixa. Dois funcionários conversam:

– E todo dia ela pega aquele mesmo ônibus. Sempre quieta, na dela. Quando eu decido finalmente puxar papo, o cobrador me avisa que ela é muda. Pô, cara, acabou com a minha paquera de dois meses!

– Putz, véi. Mas é gata?

– Ah é!

– Então o que tu tá esperando pra aprendê a linguagem de sinal?

– Vc acha?

– Ou tu prefere voltar com a ex que fala pelos cotovelos? Cé besta? Mulhé muda é bença!

(…)

 


CHARLIE SHEEN DA VILA OLÍMPIA

Almoço na Vila Olímpia. Restaurante novo, assunto velho. Na mesa de trás, três homens na faixa dos 40 e duas mulheres na faixa dos 30.

Homem 1 – …daí eu levo pro matadouro, que é o meu apartamento, e pronto. As de 35, 37 que têm filhos querem casar, querem estabilidade.

Homem 2 – Enchem o saco, né?

Homem 1 – Tem que saber levar, cara. Já as outras nessa faixa são as melhores. Mas dão trabalho. Porque são exigentes, cheias de vontade, não aceitam qualquer coisa.

Homem 2 – Aí vai uma energia.

Homem 1 – Teve uma de 26 e outra de 28 que eram mais fáceis. Uma delas era um avião e eu até tentei namorar um tempo. Era boazinha e tal. Meio burrinha, mas não me dava trabalho. Só que não rolou.

Homem 3 – Cara, você é o nosso Charlie Sheen!

Homem 1 – Por isso eu decidi que vou ser um solteirão frustrado mesmo. Investi no carro, no apê bacana, que impressiona a mulherada quando chega lá, cê precisa ver, e sigo no matadouro.

As mulheres da mesa?
Riram – alto.

Eu?
Tô cogitando trazer marmita pro trabalho.
Economizo pras férias e ainda faço uma dieta.

 


Fica aqui uma possível trilha sonora para acompanhar esse remember.  Mas vou deixar solta. Não me peça para enveredar por alguma teoria psicanalítica e explorar o que são essas aspirações do desejo, necessidade e vontade. De comida, bebida e tal.


Foto: diap.org.br