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Dia dos Pais e a menina da fotografia

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Esses dias eu estava esvaziando um HD antigo e encontrei a última foto com meu pai. #vou_tecontar que foi a primeira vez em 9 anos que consegui olhar pra ela sem me debulhar em lágrimas e soluços incontroláveis.
Derramei lágrimas, sim, mas além da saudade apertada, vieram muitas lembranças boas. Porque eu dei muita sorte com pai nessa vida.

E hoje, nesse clima de Dia dos Pais, eu olho pra primeira e pra última foto de nós dois juntos (talvez até exista outra primeira, mas eu só tenho essa), e me lembro de quantos momentos bons tivemos. E do quanto ele ainda está presente na minha vida. De como eu quase escuto a sua voz de vez em quando, fazendo uma piada, me dando um conselho.

Eu não me recordo da primeira foto, claro, eu só tinha 2 anos. Mas me lembro de um pai presente, carinhoso, cuidador, paciente, que me ensinou a caminhar na vida e sempre esteve ao meu lado em qualquer circunstância.

Da outra foto eu me lembro exatamente, e com detalhes. Foi em março de 2007, registro de um celular Nokia velhinho que eu tinha em mãos nos últimos dias que passamos juntos. Era o fim de um período em que os papeis se inverteram e eu tive a chance de poder cuidar, amparar e tentar suavizar dores físicas e emocionais (nem sei se mais as dele ou as minhas).

De alguma forma eu queria retribuir minimamente o pai incrível que ele foi, estando ao seu lado, fazendo o possível e o impossível pra tirar seu sofrimento, para dar alívio e colocar um sorriso naquele rosto, que tantas vezes me fez sorrir só por existir.

E por mais que tenha sido um período terrivelmente difícil, sim, ele sorria, ele fazia piada, ele tinha paciência e tornava tudo mais leve.

Eu tinha 29 anos quando disse alto pela última vez:

– Pai, eu amo muito você. Você é o melhor pai do mundo, nunca se esqueça disso. E quando você acordar, a gente vai fazer um passeio bem gostoso.

Ele não acordou.

Mas a verdade é que, lá no fundo, essa menina de 2 anos da fotografia vai esperar pra sempre.

<3

Com as boas lembranças. Que são lindas.
Feliz Dia dos Pais.

 


Foto: arquivo pessoal.

Hoje não fez muito sentido – saudade NY

Desembarquei no aeroporto JFK. Finalmente tinha chegado o meu dia. Dia de botar o pé em NY e de ver “qualé que é”. Afinal, o que é que essa cidade tem que planta uma maçã no coração da gente?

Fui lá ver.

E hoje, 18 de setembro de 2015, faz exatamente um ano disso tudo. Tá rolando uma nostalgia, uma saudade, uma vontade louca de me teletransportar pra Manhattan em 3…2…1.

Mas não vou ficar aqui falando do quanto NY é incrível, vibrante e contagiante. Talvez isso você já saiba. Se não sabe, já leu por aí. Se não leu, ouviu relatos ou viu as figuras.

Eu #vou_tecontar como eu me senti ao voltar de NY.

Então segura aí um textinho que eu escrevi quando acordei de novo em São Paulo. Acho que o retorno de uma viagem dá a medida exata do impacto da experiência na vida da gente. Mais do que isso: ajuda a entender o que é que faz sentido.

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Hoje fui ao mercado e sabia onde tava tudo. Conhecia as marcas nas prateleiras e pude identificar facilmente cada item. Eu entendia 100% do que escutava no entorno, a conversa das pessoas, as reclamações sobre os preços, os murmúrios, as discussões de casal. A moça do caixa não me perguntou como eu estava me sentindo e se tenho o cartão da loja. Ela perguntou se eu queria CPF na nota. Eu não comi cupcake no café da manhã, não vi a manchete do The New York Times, não passei pelo Central Park, nem peguei o metrô com aquele medinho de errar. Hoje eu não olhei pro alto mais do que pro chão. Eu dei bom dia pro zelador, vi os velhos buracos na calçada e virei a esquina pro lado certo. Não tinha cores do outono nem decoração de Halloween no meu caminho. Hoje eu não planejei ver uma peça. Não visitei um bairro desconhecido. Não saí de roupa amassada e não comi nada que eu nunca tenha experimentado antes.

Hoje não fez muito sentido.

E deixo aqui uma trilha sonora clássica pra inspirar. Porque NY é um clássico. Tipo Sinatra. Que sempre alegra a vida da gente. 😉


Foto: arquivo pessoal.