Eu já estava quase encerrando o expediente noturno, fechando arquivos, pensando na minha cama, quando vi a barata invasora.
Desta vez ela não entrou voando, mas despencou pela janela e caiu de costas (provavelmente um exemplar de categoria inferior no quesito voo livre).
Esperneou enquanto eu rapidamente executei os movimentos de guerra: chinelos, spray SBP, telefone e posição de ataque.
Logo a dita se recuperou do tombo e começou a caminhar pela sala. Por um instante a perdi, mas logo consegui contato visual com a inimiga, que era menor do que a parente do outro dia.
Respirei fundo e pensei: eu posso fazer isso.
Me aproximei (em pânico) e apertei o gatilho, quer dizer o spray.
E como no outro dia tive que perseguir a infeliz com o jato salvador.
Ela até tentou se esconder atrás de uma sacola, depois na porta da cozinha, suplicou por clemência, até que não resistiu.
Estrebuchou e logo jazia no cantinho.
Olhando o cadáver e tossindo pelo efeito do veneno, eu lamentei a batalha. Mais uma disputa territorial insana, pautada pelo medo e com uso de armas químicas.
Poxa, não sou de briga, foi legítima defesa.
Achei melhor fechar janelas antes que a família aparecesse para reivindicar o corpo.
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E quem dormia depois disso?
Imagem: mundocool.com.br