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Criança com faniquito

Histeria no elevador logo cedo.

E eu com dor de cabeça.

Pra essa historinha que  #vou_tecontar, acho apropriado vc clicar nessa trilha aqui:

A menina, de uns 3 anos, não queria aquele sapato.

A mãe com voz estridente tentava explicar -leia-se “convencer”- que o sapato é bonito e combina com a roupa.

A menina berrava.

A mãe apelou:

– Filha, pergunta pra essa tia (apontando pra mim) se o sapato não está lindo. Não tá, Tia?

A menina me olhou desconfiada.

Fui sincera:

– O sapato é legal, mas só fica bonito em criança boazinha. Criança chiliquenta tem que ficar descalça. No berço. Sozinha. E no quarto escuro.

Funcionou. A criança ficou muda. A mãe também.


Nota: texto de 2014. Antes que me julgue: acho desnecessário obrigar criança a usar sapato. Por mim ia de havaianas. E, claro, também acho um saco criança que berra no elevador. Pronto. Pode julgar agora. Beijo.

Sobre como eu desisti do piano

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Outro dia, na manicure:

– Lília, você tem unhas lindas, parecem longas mesmo quando estão curtas. Ah, vamos só dar uma lixadinha, não corta, senão fica até dolorido embaixo. (…) #vou_tecontar, Lília, acho que mais metade desse salão gostaria de ter mãos como as suas.

O piano já vai entrar em cena, então sugiro colocar essa trilha sonora aqui, ó:

1989, nas aulas de piano:

– Lília, eu gosto muito de dar aulas pra você. É uma menina que sabe escutar e tem mãos de pianista, com dedos longos e finos. Só precisa praticar um pouco mais em casa, solfejar todos os dias… e cortar as unhas. Unhas compridas batem nas teclas, atrapalham o desempenho ao piano.

– Lília o que são essas bolhas na sua mão?
– Aula de tênis, professora, a raquete me faz bolhas.
– Nossa, Lília, precisa tomar mais cuidado, não vá machucar os dedos ou não conseguirá tocar piano, viu?

– Lília, o que há, você não está indo bem hoje?
– É que eu tô com dor na mão, professora, ontem foi campeonato de vôlei na escola…
– Lília, vôlei e piano não combinam, está bem? E você é muito pequena pra jogar vôlei.
– Mas eu jogo na rede…
– Você precisa cuidar das suas mãos para tocar piano. Protegê-las… e cortar as unhas, não se esqueça, viu? Vamos ficar mais na teoria hoje.

– Lília, muito bem, a aula hoje foi boa, você evoluiu bem na Sonata. Mas vou escrever aqui no seu caderno: não esqueça de cortar as unhas.
– Mas, professora, eu cortei ontem. Se cortar mais dói, fica vermelho, sai até sangue. Minha mãe disse que está bom assim.
– Lília, precisa ficar mais curtinha, unhas grandes não servem para o piano.

– Lília, o que aconteceu, você está machucada? Seu pulso está roxo…
– É que foi na aula de teatro, professora, eu torci. É assim mesmo, acontecia também na ginástica olímpica, só esse pé eu torci sete vezes.
– Lília, você tem uma estrutura muito delicada pra isso, precisa tomar cuidado. E lembre-se de cortar mais as unhas, querida, ainda estão muito grandes, viu?

Lília largou as aulas de piano.

Lília vendeu o piano.

Lília nunca mais tocou piano.

 


Foto: pt.cantorion.org

 

Barata voa. E apavora

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Noite quente em São Paulo. Janelas escancaradas e eu bonitinha respondendo e-mails.

Eis que… uma barata entra pela janela.

Feia e gigante. Apavorante.

#vou_tecontar que a invasora se instalou na parede lateral.

Susto.

Olhei pra ela e pensei rápido, muito rápido: cadê o telefone, vou chamar o zelador.

Mas o telefone estava longe de mim – perto dela. E eu, descalça, desarmada.

Ela bateu as asas barulhentas e veio com tudo na minha direção, em linha reta, na altura do meu rosto, num ataque frontal.

Gritei e pulei da cadeira – não necessariamente nessa ordem. Dois metros em um segundo. Não lembro da última vez que dei um berro assim, a plenos pulmões.

Me senti a louca do oitavo andar, mas só depois. Antes, peguei o veneno e descarreguei com vontade ma barata. Mesa, cadeira, chão, parede… perseguindo a agonia da intrusa mal educada até seu último mexer de antenas.

E o cadáver está lá, no cantinho.

Agora sim, me sinto a louca do oitavo andar.

Com medo da família da Dona Barata vir reivindicar o corpo.

 


A foto que ilustra o texto me foi enviada por pelo menos três amigas depois que eu contei essa história. Desconheço a fonte, mas agradeço a inspiração. 😉

 

Parecia um sonho bom

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O cenário era lindo. Europeu. E eu tinha na mão uma passagem aérea. Parecia um sonho bom.

Finalmente um sonho bom!

Mas #vou_tecontar que a passagem tava toda errada. Era de um voo que tinha saído 6 horas antes. E que faria em 14 horas um trecho de 2h30. Tinha uma travessia de barco, de jipe, só faltava conexão pra pegar jegue.

Frio na barriga.

Acordei, dormi de novo e a história continuou. Sabe assim?

Eu ligava pra Gol (era Europa mas era Gol, sonho permite esse tipo de incoerência, né?), mas não conseguia resolver, não conseguia trocar a passagem, não conseguia nada.

O próximo voo custava umas dez vezes mais. E a moça insistia que àquela altura eu tinha que estar no barco. Porque de acordo com o sistema eu tinha embarcado.

– Moça, eu juro que não tô no barco, moça. Não foi isso que eu comprei.

Ela não aceitava a realidade. E eu não aceitava aquele trajeto de maluco, uma viagem torta que começou antes mesmo da passagem chegar na minha mão.

Eu queria um próximo voo. Queria resolver aquilo. Queria seguir adiante.

Como terminou?

Com a moça da Gol me dizendo, com aquela voz de aeroporto, que eu teria que me entender comigo mesma. (!)

Porque, sim, eu estava naquela viagem que já tinha começado.

E se eu quisesse seguir um trajeto diferente seria problema meu e não da companhia aérea.

E eu não poderia arcar com um próximo voo.

Parecia um sonho bom.
Parecia.

 


Imagem: Wikipedia.org

 

Meu coração em câmera lenta

Manhã de quarta-feira, 26 de agosto de 2015. #vou_tecontar que a trilha de hoje tá aqui:

https://youtu.be/LS_AhzPVn-U

Senhora, esse exame aqui o seu convênio não cobre. Está bem, farei os outros. São 21, portanto. Só aguardar, vão chamar pelo nome. Obrigada. Senhora Maria Rebello. Eu? A senhora é Maria Rebello? Não. Sim. Quer dizer, sou. Documento e protocolo, por favor. Pode sentar. Sou eu, viu? Como se alguém quisesse tomar o meu lugar aqui. Jejum de 12 a 14 horas? Sim, 13. Confere o nome e data de nascimento nos tubinhos, por favor. Um, dois, três… nove. Ok. A tiazinha de óculos e cabelos brancos derrubou um negócio, se atrapalhou com a luva – a luva era azul, eu nunca tinha visto luva azul no laboratório, conferiu o papel, o tubinho, o papel de novo. São dez etiquetas e nove tubinhos, tem alguma coisa errada. Olhou, olhou de novo, olhou outra vez. Pensei em oferecer ajuda, mas ela pediu pra aguardar e foi lá dentro verificar. Respondi um e-mail. Ela voltou. Estava mesmo faltando um. Nossa, que bom que você viu. Legal, a tiazinha era atrapalhada, mas cuidadosa, ponto pra ela. Eu não ia querer voltar por causa de um tubinho, uma etiqueta, uma ferritina qualquer. Botou o apoio. Coloca o braço aqui. Virou o apoio. Assim é melhor. Colocou um elástico, apertou o elástico, tá bom assim? Deu batidinhas na veia. Tinha todo o tempo do mundo. Abre e fecha a mão. Assim. Agora deixa aberta. Colocou a outra luva, se atrapalhou com a luva azul, respirou, procurou alguma coisa. Pegou uma agulha, devolveu, pegou outra. Caramba, essa tia sabe mesmo o que tá fazendo? Agora uma picadinha. Leve, de leve. Legal, a tiazinha é confusa mas tem mão leve. As aparências enganam. Vai demorar um pouquinho, tá? Tá, né. Um tubinho, dois tubinhos. Que sangue lerdo. Troca o tubinho, afunda a agulhinha. Uma eternidade e ainda o quarto tubinho. Gente, nunca vi uma coleta tão devagar. Olhei pra porta, respirei. Quinto tubinho, esse era maior. A cada troca de tubinho uma pontadinha e logo perdi a conta. Silêncio. Escutei meus batimentos. Lentos. Vamos distrair que passa mais rápido, né? Pensei no trabalho esperando, no que teria pro almoço, na ligação perdida e, putz, esqueci de tirar o lixo. Esquentamento, ofegância, mas não por causa do lixo ou da geladeira vazia. Falta muito?, pensei. Falta muito?, perguntei. Não, falta só um depois desse, você está bem? Sim. Não. Quer dizer, pode acabar logo? Não tô me sentindo muito bem. Merda, só me faltava essa. Suadouro. Zonzeira. Frio, calor e a tia abre a porta. Chama o Mauro. A pressão dela caiu. Burburinho, luz que vai, luz que vem. Alguém aperta minha nuca. Levanta a cabeça dela. Pano molhado. Estica a perna. Os lábios estão brancos. Tiro o casaco. Você quer uma bolachinha? Você está sozinha? Oi, fala comigo. Não. Sim. Posso deitar um pouquinho? Pluft.
Alguém me carregou. Acordei deitada numa sala e vi uns flashes. O Mauro do lado, um copo d´água. Você está melhor? Sua pressão caiu, foi muito tempo em jejum e bastante sangue pra tirar. Sim, obrigada, desculpe, obrigada, quer dizer, lamento, poxa, obrigada, “isso nunca me aconteceu antes”, tá é mentira, mas não é rotina. Imagina, isso acontece, é normal, vc está um pouco fraca, pode ser anemia, mas vai passar, quer uma bolachinha salgada? Tem lasanha, Mauro? Brincadeira, obrigada, desculpe. Vou nessa, tchau.

E o que ficou foi um enjoo.

De laboratório.

#vou_tecontar, pra mim já deu.

Vento nos cabelos

#vou_tecontar que esse é baseado em fatos (sur)reais.

Aeroporto de Congonhas, SP.

Ela chegou cedo. Check in feito, faltava mais de hora pro voo levantar.
Inquietação nos cabelos.
Não parava com as pernas, mas também já não andava direito.

Livraria, café, farmácia. Anador, Dramin, Rivotril.

Tinha perdido o rumo, o caminho de casa (e a casa), a linha do Equador, tinha perdido era o equilíbrio.

Um mês antes, festa, bolo, bem casado, cabelos compridos, cócegas no nariz, buquê nos ares e assinatura no papel.
Tudo dentro do figurino consensual.
Com firma reconhecida e marcha nupcial.

Escada rolante abaixo, banheiro e café (duplo) amargo – outro.

No dia seguinte, bom dia pra quem?, “eu sou miseravelmente infeliz”.
Dissonância nos ouvidos. Punhaladas na alma. E um ardor na profundeza das entranhas reviradas.
Porre de karma, ressaca existencial.

Água, bomboniere e nada de voo confirmado. Quem foi que disse que o tempo voa, hein?

Acabou, fim. “Você fica com a máquina de lavar e eu fico com a geladeira”. Simples assim.
Deleta as nossas fotos e trata de construir outras histórias. Como assim?
De renda francesa foi ao chão. A menina dos olhos virou o olho do furacão.

Duas trufas e, gente, que enjoo. Água na cara e que cara é essa no espelho do banheiro?
Já não tinha mais lágrima pra derrubar. Não tinha bem-me-quer mais pra querer voltar.

Passou pela barbearia, entraria de novo na livraria?
Passo atrás. Inquietação nos cabelos.
Porta adentro da barbearia. Dava tempo.

“Ah, não, isso eu não faço não, moça”.
Não bastava ter a alma em frangalho, o barbeiro também não queria trabalho?

Veio uma voz lá do fundo:

“Senta aí, minha filha. Deixa eu ver esses cabelos. É motivo de doença?”

– Não, de divórcio.
“E tu quer com emoção ou sem?”
– Com.
“Então aperta o cinto”.

Da testa pra nuca a máquina derrubou a inquietação por um instante.
Embarque imediato.
É hora de voar. Outra vez.

Porque cabelo brota feito planta n´alma.
E vai crescer mais brilhoso.
Mais forte e corajoso.

Pra balançar numa outra ventania.

E no fim de tudo,
Passado tudo,
Só resta é rir disso tudo.


E agora que eu já te contei, sugiro clicar nesse vídeo aqui. 😉 Aposto que vai fazer toda a diferença, ó:

Vídeo original: Cena Hum – www.cenahum.com.br
Agradecimento: Airen Wormhoudt, pela interpretação inesquecível. :p

Tiozinho do milho

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– Espera!, gritou a criança de uns 3 anos pro tiozinho do milho.
Ele esperou.
– Volta!, ela ordenou.
Ele manobrou o carrinho pra voltar e… tombou. Tombou pra frente. Levantou e… de novo foi ao chão.

Milho com areia.
Areia com Claybom.
Engavetamento de espigas.
Esparramamento de colheres.

#vou_tecontar que foi uma comoção.

Rapidamente umas seis pessoas se apresentaram pro resgate. Assumi o posto de recolher espigas.

O tiozinho do milho “concorrente” e o senhorzinho do mate com abacaxi foram ágeis. Experientes na labuta, botaram tudo no jeito e novos milhos na panela em menos de 15 minutos, sem abandonar seus próprios clientes.

Chamaram também a esposa do tiozinho acidentado, que tem um histórico de problemas de saúde, mas “teima” em seguir trabalhando de sol a sol. “Alguém tem que tomar uma providência”.

Areia limpa, carrinho pronto, vida que segue.

Sim, existe solidariedade no litoral de SP. E vou dizer que os ambulantes deixam a areia mais limpa do que a maioria dos turistas.

A criança?

Negociou rapidamente com a mãe a troca do milho por um pastel de queijo e assistiu tudo de camarote. De barriguinha cheia na sombra de sua barraca gigante. Rodeada de embalagens de suco e pacotes de salgadinho – de milho.

16h56.

 


Foto: br.freepik.com

 

– Nina, é Você?

Uma das peculiaridades da praia do paulista é escutar a conversa alheia, tamanha a proximidade entre guarda-sóis.

Mas e quando o assunto é VOCÊ?

#vou_tecontar como foi e sugiro vc clicar nessa trilha aqui pra acompanhar (coloca baixinho pra não dar interferência, tá?):

Voltando pra areia, estava eu bem quietinha num dia encalorado, quando…

– Tio, tá vendo essa garota aí do lado? Não é aquela menina que faz novela?

– Qual, a branquela do chapéu?

– É! Não é?

– Não sei, não dá pra ver direito.

– Acho que é, Tio. É sim!

Começaram a me observar ostensivamente.

– Mas qual novela, Marcelo?

– Aquela que fez a Nina, da Carminha.

– Será?

O garoto foi pegar um sorvete e voltou.

– Mãe, vê se não é aquela da novela aí do lado. Vê!

– Não sei, Marcelo. Mas pode ser, né? Artista gosta de andar de óculos e chapéu grande pra esconder a cara. Tudo branquela e esquisita por causa da televisão.

 Oi, oi, oi??

– Vou perguntar.

– Vai nada, Marcelo, deixa a menina em paz.

– Psiu, Nina! É você?

Fingi que não era comigo, até porque, caramba, não era!

– Vai ver é gringa, nem vai entender nada do que você falar, Marcelo.

– Mas, Tio, eu acho que é.

– Tem jeito de argentina.

– Eu acho que é a Nina, sim.

O menino passou do meu lado três vezes, até que não se aguentou.

– Moça, você é a Nina?

Eu: Nina?

– Sim, da novela da Carminha.

Eu: Seu Tio, que tá ali, é o Zeca Pagodinho?

– Não. Por quê?

– Porque se ele for o Zeca Pagodinho eu sou a Nina.

Sim, eu sofri “pré-conceito” nas areias de SP.

Pô! Fui chamada de branquela, esquisita e argentina em menos de quarenta minutos. Isso porque tô relativamente bronzeada, tenho uns 98cm de quadril e nunca peguei o Murilo Benício. :\

O homem das flores – parte II

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Não era dia nem horário. Nem cinco minutos antes, nem cinco minutos depois.

Fora do habitual,  #vou_tecontar que ontem eu reencontrei o homem das flores. Da historinha que já te falei aqui.

E, não, ontem ele não carregava flores.
Comprava um brownie, um abacate e uma apetitosa torta de morango.

Ele sorriu.

Contou que agora a mulher enjoa com o cheiro das flores.
Mas deseja brownie, abacate e torta de morango.

Há 4 semanas sem flores.
Sem condicional.

O ex-homem das flores se chama Ricardo.
E Ricardo vai ser pai.

*

E eu dormi pensando…
na torta de morango.

 


Foto: arquivo pessoal (obra do Bansky).

 

Livre arbítrio

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– Lília, vai ter treinamento de incêndio e simulação de evacuação do prédio hoje. O alarme vai soar às 15h30.
– Tenho um texto pra terminar. Posso escolher morrer no incêndio? Livre arbítrio.
– Não pode. Todos vão ter que descer pela escada, sem levar nada. Poderemos voltar umas 17h30.
– 13o andar, cara, eu tô de salto. Posso me esconder na salinha escura do ar-condicionado que fica dentro do banheiro feminino?
– Não pode ficar ninguém mesmo. Os bombeiros vão entrar e vasculhar tudo, inclusive lá.

– Ah, tudo bem, eu espero o bombeiro lá dentro.

(silêncio)

– Tá bom, vai… vou lá pra Starbucks. Tem wi-fi.

 


Foto: arquivo pessoal.