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Horinha do adeus

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Eu assinei um papel. Depois desejei boa sorte.

E fiquei parada na calçada, olhando ele se afastar rapidamente até dobrar a esquina. Então eu dei meia volta nos calcanhares, respirei fundo, caminhei algumas quadras e peguei o metrô. Assim eu me despedi do meu velho carrinho hoje na hora do almoço.

#vou_tecontar que detesto despedidas.

Ainda que seja só um carro, sim, é só um carro, mas era o meu carrinho-amigo.

E enquanto eu caminhava, lembrei do quanto ele foi parceiro, do quanto caminhamos juntos.

Mais de 5 anos e 30 mil quilômetros. E olha que ele já não era um jovem quando veio pra mim. Era um adulto de 60 mil quilômetros rodados e 6, 7 anos de uso. Eu vinha de uma sequência de dois carros furtados, sustos e um baita prejuízo (felizmente apenas material).

Logo que eu comprei, minha avó me deu essa proteção (foto), que habitou o retrovisor desde então. Hoje, quando eu a tirei de lá, apenas agradeci. Com a energia do que representa (cada um com a sua crença), com o bem-querer da minha avó, com o pensamento positivo, ele me trouxe uma fase melhor.

Finalmente com esse carro eu tive sossego sobre rodas. Nunca me desapontou nem deixou na mão. Passou em todas as inspeções veiculares (sem ter que estudar), me levou e me trouxe de tudo quanto foi lugar (sem reclamar). Me escutou rir e chorar. Passou no farol verde, amarelo e até vermelho (culpa minha). Andou na terra, no paralelepípedo e no asfalto. Tomou algumas multas de velocidade, de rodízio e uma de estacionamento proibido.
E nunca se queixou.

É ou não é um super brother?

E quando eu esvaziei a carteira de documentos, ainda achei uma listinha de desejos para 2010 (!), que ficou guardada ali. Rapidamente pude verificar, item por item, quantas coisas boas eu realizei de lá pra cá…

– terminar a pós-graduação (check);
– pintar o apartamento
da mami (check);
– ter mais vida social (check, mas precisa melhorar);
– sorrir mais (check);
– rir muito mais (check);
– mais saúde (check, tirando a dengue);
– praticar mais atividade física (check, pilates always);
– emagrecer 2Kg (fail, as always);
– viajar mais (check, 2011 teve Europa 😀 );
– tirar férias (check, mas falta melhorar aqui);
– trocar de trabalho (check naquela época);
– seguir em frente com independência (as always); 
– ser mais generosa (check, assim espero);
– ver minha família mais feliz (check, acho);
– trocar de carro (cá estou eu novamente, veja só);

e outras coisitas mais, que eu guardo aqui pra mim.

É isso.
Vida que segue.

Vai, carrinho, vai fazer alguém feliz.
Obrigada pela caminhada and Don´t Stop!

😉

Anjo da guarda dá plantão de domingo?

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Não foi o motorista, não foi a lei da física, não foi o ABS, não foi minha destreza ao volante que me ajudou.

#Vou_tecontar que eu tava cruzando a Amaral Gurgel, embaixo do minhocão. Farol verde pra mim, eu seguia devagar. Estava escuro, a pista molhada, ele cruzou o farol vermelho e veio em alta (bem alta) velocidade. Quando avistei aquele carro a milhão, vi que não dava tempo de acelerar nem brecar.

Deduzi que ele ia entrar com força na minha porta direita, não tinha como escapar.

Sei lá por que nesses milésimos de segundo passa um monte de coisas pela nossa cabeça. E eu pensei que nem precisava ser boa em física e aplicar uma fórmula de velocidade pra sacar que ia bater. Eu nunca fui boa em cálculo + tinha a resposta exata pra essa conta = ia bater.

E eu lembrei que ainda não recebi a apólice de renovação do seguro. Claro que eu lembrei da Porto Seguro que não me quis (será que ela tinha razão?), e lembrei da minha mãe, da minha família, do dia que eu tive e de todas as coisas que eu planejei pra vida.

Droga, justo agora?

Então eu apertei o volante com força pro carro não rodar e fechei os olhos. Eu pedi ajuda sei lá pra quem. Eu soltei algum som comprido e suspirado do tipo, “aaai”. Eu pensei: fer-rou!

De lá pra cá ainda tento entender.

COMO eu escapei dessa?

Como é que quando eu abri os olhos, o carro dele estava a 1 mm da minha porta direita e o resto era silêncio debaixo do minhocão?

Não me pergunte. Nem me pergunte como é que eu segui dirigindo até em casa depois disso.

Olha, eu já escapei de algumas batidas (e já tomei umas também) nessa minha rotina de paulista. Já vivi aquele “quaaaase”, “ufa”, aquele momento em que um rápido reflexo, uma freada, alguma manobra esperta te livra do B.O. e da franquia da seguradora.

Mas nada que se aproxime de ontem.

Então sabe aquilo que a gente sente quando recebe ajuda de alguém ou algo, sabe-se lá de onde ou como?

Pois é.
Gratidão.

Acho que anjo da guarda dá plantão de domingo.

Você não quer, tem quem queira

Rejeitada.

É como eu tô me sentindo hoje, desde umas 19h15 pra ser mais exata. Foi quando entrou na minha caixa de e-mail o orçamento do seguro do carro.

E #vou_tecontar que não é a primeira vez.

Tem acontecido todo mês de fevereiro. Desde 2011.

Lembro de cada episódio, de cada expectativa seguida de frustração. Porque rejeição a gente não esquece, né?

Pois é. A Porto Seguro não me quer.

Ela me rejeita. Todo ano eu tento, negocio, peço ajuda do corretor, mostro meus predicados e minha CNH limpinha. Mas ela sempre me manda um valor mais de R$ 1 mil acima da concorrência. Tipo um recado: “não feche conosco, não te queremos, aqui você é persona non grata”.

Gente, por quê?

Eu juro que queria entender o motivo de tanto desinteresse na minha pessoa. 

Alô, sou moça direita,  dona Porto Seguro!

Há pelo menos 5 anos  que não registro um sinistro. Eu não bato lata em ninguém. Nem tomo. Sou boa motorista, embora a amiga diga que eu dirijo feito homem. Sou prudente e dou seta – sim, eu dou seta, dona Porto Seguro! Eu não atravesso farol vermelho antes das 23h. Não estou na faixa etária de risco. Tenho garagem em casa e estacionamento no trabalho. Eu pago os impostos em dia. Eu quase não tomo multas, só vez ou outra tenho problema com o velocímetro, coisa besta. Meu carro não é visado e eu rodo pouco.

Eu diria que a minha vida sobre rodas é quase um tédio, não fossem as emoções típicas do trânsito paulistano. Então não aceito esse desdém de seguradora. Poxa, sou boa pagadora!

E ainda sou ex-cliente. Sim, eu já fui desejável. Você me tratava bem, na hone$tidade. Fomos felizes por um longo tempo. Fui fiel e devotada desde meu primeiro carro até 2010. Até que naquele ano roubaram meu carro novo. E o amor acabou. Você me rejeitou por um, dois anos e ad infinitum. No começo o corretor disse que era porque perdi bonificação. Mas que o tempo resolveria a questão. Nada. De lá pra cá eu tento uma reaproximação. Em vão. 

Passei por outras duas seguradoras, mas queria você, Porto Seguro. Apesar de que eu nem uso o seguro, mas, sei lá, queria você de volta, só isso. Eu nem dou trabalho, não fico pedindo atenção nem telefono no meio da noite.  A única vez que incomodei sua concorrente nos últimos dois anos foi quando a bateria morreu. Veio um moço de moto e trocou. Cobrou caro. Fim.

Assim você me magoa, Porto Seguro.

Como é que um episódio tão antigo, tão infeliz (porque eu também sofri e tomei prejuízo) pode ter marcado tanto nosso relacionamento?  A ponto de você nunca mais me querer por perto, resistir às minhas investidas e ignorar minha ficha limpa, minha conduta quase impecável.

Olha que eu sei de muita gente que você atende e dirige alcoolizado por aí, com pontuação estourada e manobra alucinada. Não vou citar nomes, mas depois não reclama da crise e da falta de sorte com a clientela.

Anota aí o meu nome, Porto Seguro. Porque você acaba de me perder.

Tentei por 5 anos. Agora eu que não te quero mais!

Sou de escorpião. Não tem perdão.

Amanhã vou abraçar seu maior concorrente. 

Vou ser feliz e quero que você se exploda. 

Digo isso pra não ter que pagar terapia.

Cabô a Rejeição.

Na ordem do dia: você não quer, tem quem queira.