Arquivo da tag: #2014

O primeiro dia do resto das minhas férias – só que não

1119896_4750410493222_731066802_o

Não, eu não tô de férias. Não tá tendo férias em 2015. =(
Mas em 2014 teve.
E eu resgatei um textinho do meu primeiro dia de férias.
Porque achei que seria interessante comparar alguns pensamentos de fim ano, tipo um FlaXFlu de 2014X2015. Na esperança de que eu possa concluir que essa sensação de que 2015 se arrasta e insiste em fazer estragos seja apenas fruto do esgotamento físico e mental que humanamente nos acomete nesses tempos.

Então vamos lá.
Eu #vou_tecontar como foi em 2014:

“O primeiro dia do resto das minhas férias.
Acordo com calma, faço uma hora de preguicinha na cama, coloco uma música, escancaro as janelas para o sol entrar e preparo um café sossegado. Uma chuveirada e, pluft, é meio dia.
Lindo! Como a vida deve ser. Sem trânsito, sem más notícias, sem telefone tocando, sem e-mails na caixa de entrada.
Saio para resolver as últimas burocracias de 2014. Eba.
Daí chove.
E eu tô sem guarda-chuva.
Ahhhh, mas tá valendo, eu tô de férias! Vale tomar chuva, vale andar por aí molhada, descabelada.
Daí eu lembro das janelas.
E eu tô longe de casa.
Ahhhh, mas tá valendo, eu tô de férias! Vale um chão molhado, vale passar um paninho e fica tudo certo.
Daí rola uma ventania e a rua começa a alagar.
E eu tô sem galochas – eu não tenho galochas.
Ahhhh, mas tá valendo, eu tô de férias e a Cantareira tá precisando muito dessa água!
Daí, em razão das condições meteorológicas adversas, decido interromper as atividades temporariamente e voltar pra casa.
Só falta sacar o dinheiro e… é quando o caixa eletrônico bloqueia a minha senha. Ele alega que eu errei três vezes, sabe como é? Cara de pau porque eu digitei a senha corretamente, juro que aqueles números são a minha senha. Só que com caixa eletrônico não tem conversa e sou obrigada a pegar fila para registrar uma nova senha.
E eu saio do banco driblando sacos de lixo navegantes e afundando minha sandália preferida naquela água marrom que toma conta da calçada.
Mas tá tudo sob controle. Eu tenho uma nova senha. E eu tô de férias.
Daí, eu chego no prédio e não tem luz.
Ok, hora do exercício.
E eu subo oito andares de escada, escorrendo, e vejo a cara do faxineiro que acabou de passar pano nos corredores. Sorrio sem graça e me desculpo três vezes. Eu tô de férias, repito.
Daí eu chego no apartamento e tem uma multa me esperando na porta.
E eu decido não pensar nisso até janeiro. Afinal, eu tô de férias.
Daí eu entro e começo a vistoria:
Cozinha – da fruteira ao liquidificador, tudo aguado.
Lavanderia – vou ter que lavar de novo tudo o que tá no varal. Mas a árvore da felicidade e as orquídeas passam bem.
Sala – armário, mesa, cadeiras e sofá comprometidos. Papeis espalhados pela casa, pastosos, indecifráveis e assinados pelo efeito-ventania.
Quarto Liberdade – há um lago bem na frente da janela. O tapete chora lágrimas de chuva.
Quarto Paraíso (o meu) – ainda vou descobrir se a TV tem salvação. E, sabe, perto da janela tem tb um colchão novinho, que levou boa parte daquele décimo terceiro que eu não recebo. Pois é.

Agora tô aqui, de férias, torcendo pano e esperando a luz voltar para ligar o secador.

2014, você não tá valendo mais nada.
Vê se bate a porta quando sair.”

Conclusão: o texto é de 2014, mas poderia muito bem ser de 2015.
Só que com alguns plus “a mais”. Porque não tá tendo “ahhhh, eu tô de férias” pra se apegar. Tá tendo aedes egypti no ar e inflação no mercado. O cartão do banco passa bem, já o saldo não tá bem, não. Não daria pra comprar nem travesseiro, quanto mais colchão. E agora lembrei que meu passaporte vai vencer. Não que eu pretenda usar. Mas vou guardar pra olhar os carimbos de vez em quando (cada um tem seu santo de devoção, né?).
 
É isso:
2015, você não tá valendo mais nada.
Vê se bate a porta quando sair.
 
PS. E não volte na versão S ou PLUS.