O mistério da meia desaparecida

meias

Os dias em São Paulo têm sido frios. Muito frios. Não sei você, mas eu sofro no frio. Abomino dormir sem poder me mexer direito na cama porque na área ao lado existe um iceberg. E sem poder levantar pra ir ao banheiro sem desejar uma bexiga extra nem que me custe o dobro. A verdade é que, pra mim, se passou de um edredom virou Alasca.

Não me entenda mal. Frio pode, sim, ser legal. Mas não na rotina de São Paulo, numa vida sem preparo nem calefação. Frio é legal em Paris, Londres e Nova York. Frio é legal quando você tem 2 Kg a menos pra comer fondue de chocolate sem dó. Garrafas de vinho bom e fígado em dia. Ponto.

Dito isso, preciso dividir com você um acontecimento, no mínimo, curioso, pra não dizer logo misterioso: #vou_tecontar que um pé de meia sumiu. Desapareceu. Sem deixar rastro nem bilhete.

E não foi na máquina de lavar (porque eu sei que máquinas de lavar possuem um portal que levam meias desparceiradas para o fantástico mundo das meias e nunca mais devolvem. Lá elas se libertam de suas obrigações sociais e formam novos pares, sem restrições de cor, tamanho ou origem).

Pois bem, vou explicar o caso pra que você possa me ajudar, quem sabe, a decifrar. Ou terei que chamar Sherlock.

Ocorre que ontem estava frio, como você deve saber. E eu usava uma meia quentinha pela casa, de modo que tava tudo sob controle com meus pés. À noite, na hora de tomar banho, eu tirei a calça antes de tirar a meia. Deixei a meia por último porque meus pés ficam gelados muito facilmente.

Daí que a calça engoliu a meia. A meia do pé direito escorregou e foi ao chão. Mas a meia do pé esquerdo não. A meia do pé esquerdo desapareceu na calça. De início, eu achei que ela tinha ficado presa na perna da calça e seria facilmente resgatada. Virei do avesso. Nada. Olhei pelo chão, debaixo da cama, atrás da mesinha (quem sabe teria sido arremessada à distância)… pois nada.

Cara, a meia SUMIU!

Pois fui tomar banho, peguei minha mantinha, tomei um chazinho, respondi e-mails. Pensando na meia. Antes de dormir, procurei de novo. Porque às vezes a coisa tá no nosso nariz e a gente não enxerga, né? Nada. Eu dormi pensando naquele pé de meia. Capaz até de eu ter sonhado com uma meia rindo da minha cara.

Hoje cedo, vasculhei o quarto novamente. Que raios, onde foi parar essa droga de meia? A janela nem tava aberta pra ela escapar! O fato é que agora o pé de meia direito está sozinho. Sem par. Descombinado. Praticamente um inútil em sua existência “meiística”.

Sim, eu tenho outros pares de meia. Vários. Quase todos iguais, inclusive. O que me incomoda não é “abrir mão” de um par de meia ou usar meias descombinadas. O que me incomoda é esse desaparecimento sem explicação. Essa piadinha de duende. Essa tiração de sarro de espírito de porco. Esse desafio à minha sanidade mental em pleno dia se semana.

Pô!

Daí, quando a diarista chegou, eu apresentei o pé direito pra ela e disse: se você encontrar o outro pé dessa meia aqui, ganha um doce. Ele está desaparecido desde ontem, por volta das 20h30, no meu quarto. Valendo. Boa sorte!

E saí pra trabalhar. Com meias listradas e compridas. Porque são mais difíceis de escapar. Acho.

Agora tô aqui sentada, na frente do computador. E adivinha o que não me sai da cabeça?

 


Foto: apartmentguide.com

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