Esses dias fiquei presa dentro de casa. Da minha própria casa.
O zelador veio entregar uma encomenda e eu não conseguia abrir a porta.
Tenho uma fechadura comum e duas trancas (moro num bunker desde um roubo à vizinhança), e uma delas não obedecia a chave de jeito nenhum.
Virava daqui, virava dali e nada de abrir.
Depois de uns 20 minutos de tentativa eu suava só de pensar que não podia sair.
#vou_tecontar como eu saí dessa, mas antes sugiro que você clique nessa trilha sonora aqui (só pra dar mais mais emoção e valorizar minha solução) :
Então o zelador sugeriu:
– Lília, passa a chave por baixo da porta que eu abro aqui por fora.
– Que nada, Seu João, debaixo da minha porta não passa carta nem barata. A coisa é estreita!
Logo olhei pra janela escancarada à direita… mas Tico e Teco se entenderam, afinal, oitavo andar não anima passarinho sem asa. 🙁
Cogitei chamar um chaveiro-resgate 24 horas e o zelador sugeriu que eu esperasse a manhã seguinte.
– Nem morta, Seu João, presa aqui eu não durmo!
E se o prédio resolve pegar fogo? E se eu acordo no meio da noite com um desejo incontrolável de comer açaí com banana? E se eu quiser correr sozinha de toalha pela rua? Eu sou livre, que droga de chave, cadê o Super Mouse?
Um minuto de silêncio, coração aos pulos e um plano improvisado.
E foi um rolinho de fita azul abandonado na última gaveta que me salvou. Amarrei a chave na pontinha, pedi ao zelador que esperasse lá embaixo e desci a bichinha pela janela lateral, no maior estilo Rapunzel da chave.
Missão cumprida, a chave girou e eu estava livre.
Viva o zelador!
!!!
E ninguém precisa saber que na manhã seguinte eu passei uns bons minutos tentando destrancar a fechadura que já tava aberta, né?
PS. dê valor àquelas “tranqueiras aparentemente inúteis” que ficam no fundo das últimas gavetas. Elas podem te salvar um dia 🙂
Foto: arquivo pessoal.